PEQUIS: novo programa apoiado pelo REM MT e parceiros vai impulsionar a sustentabilidade e qualificar serviços técnicos oferecidos a agricultura familiar 

Novos horizontes se abrem para fortalecer a agricultura familiar mato-grossense. O Programa de Qualificação Continuada em Desenvolvimento Sustentável de Mato Grosso – apelidado carinhosamente de Programa Pequis - está sendo construído pelo Programa REM MT, para preencher as lacunas estruturais que dificultam o desenvolvimento da agricultura familiar no estado. 

O programa pretende impulsionar a sustentabilidade, o desenvolvimento socioambiental e a formação de profissionais, agricultores, gestores e líderes executivos que trabalham com agricultura familiar e comunidades tradicionais em Mato Grosso, de maneira coletiva e inclusiva. 

Com o Pequis, é esperado que sejam formadas mais pessoas para trabalharem e projetarem ações com maior sustentabilidade no desenvolvimento das cadeias de valor da agricultura familiar mato-grossense.


Membros do PEQUIS reunidos para o seminário (Foto: REM MT)

 

Ainda em construção, a previsão é que o programa comece na Fase 2 do Programa REM MT. Enquanto isso, o programa é desenhado em conjunto com representantes das comunidades tradicionais, Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), UFMT, IFMT, SEAF, SEDUC, EMPAER, CONAQ, FEPOIMT, UNEMAT,, CEDAC, INDEA, SFA-MAPA, Assembleia Legislativa, SEPLAG, SEDEC, GIZ, FETAGRI, EMBRAPA e UFRPE.

A GIZ Brasil (Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit) foi responsável por contratar a consultoria, para apoiar o subprograma Agricultura Familiar e de Povos e Comunidades Tradicionais (AFPCT) na construção do processo de formação tanto de agricultores, técnicos, como gestores e  líderes executivos, para ampliar e aprimorar as políticas públicas de desenvolvimento sustentável da agricultura familiar. 

Desafios da agricultura familiar no estado

De acordo com o coordenador do Subprograma Agricultura Familiar e de Povos e Comunidades Tradicionais (AFPCT) do REM MT, Marcos Paulo Balbino, a Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) apresenta grandes desafios em Mato Grosso, principalmente em trabalhar todos elos de uma cadeia de valor. Para ele, um dos grupos essenciais para aprimoramento é a rede de ATER, pois precisa estar apta a trabalhar o desenvolvimento sustentável nas cadeias de valor da agricultura familiar mato-grossense. 

Coordenador do Subprograma Agricultura Familiar e de Povos e Comunidades Tradicionais (AFPCT) do REM MT, Marcos Paulo Balbino (Foto: REM MT)

 

“Normalmente, a Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) acaba trabalhando os processos de produção, lavoura, coleta, os insumos, o crédito rural. Mas, a gente precisa que ela consiga trabalhar os outros elos da cadeia de valor, de organizar a logística, de pensar um território, de ajudar com boas práticas nos processos produtivos e planejamento das agroindústrias, bem como acompanhar as licenças, as regularizações até chegada do produto ao consumidor final”, cita Marcos sobre exemplos.

É importante ressaltar que a ATER é um dos grupos a serem trabalhados no programa PEQUIS. Os demais são: agricultores familiares e PCTS, gestores e líderes executivos.

Observando as dificuldades dessas comunidades - seja em questões de gênero, comercialização, gestão do empreendimento e capacitação - o programa está sendo estruturado para multiplicar as competências desses agricultores, adaptadas à realidade deles, explica a assessora técnica da GIZ, Joanna Ramos. 

“Pensamos nesse programa de formação para tentar preencher essas lacunas e dessa forma, melhorar o entendimento e fortalecer os empreendimentos dessas populações, porque muitas vezes não tem uma formação nesse sentido. O programa vem para buscar a autonomia, renda e segurança alimentar dessas comunidades”, diz Joanna.

Olhar humanizado

Além disso, a formação tem um olhar humanizado, buscando entender as relações dessas populações com seu território e como as atividades são realizadas, incentivando o trabalho das mulheres e a sucessão familiar no campo.

“Olhar para as mulheres, quais são os papéis que elas estão desempenhando, incentivá-las a ter cargos e funções mais nobres e para os jovens também. A gente precisa em paralelo que haja uma assistência técnica e extensão rural e aprimoramento de políticas públicas para trabalhar todos esses pontos, para que de fato as cadeias de valor fiquem mais sustentáveis”, explica Marcos.

Inclusive, esse olhar diferenciado é citado pelo superintendente da Secretaria de Estado de Agricultura Familiar (Seaf), Luciano Gomes Ferreira. Segundo ele, Mato Grosso possui comunidades tradicionais que desempenham um papel fundamental na preservação ambiental ao defenderem seus territórios. E suas conexões profundas com a terra e seus modos de vida sustentáveis contribuem para a conservação da biodiversidade, a mitigação das mudanças climáticas e a manutenção da harmonia entre seres humanos e a natureza.

Superintendente da Secretaria de Estado de Agricultura Familiar (Seaf), Luciano Gomes Ferreira (Foto: REM MT)

 

“É muito importante ter um olhar diversificado para a agricultura familiar, porque temos produtores rurais tradicionais, comunidades tradicionais, quilombolas, indígenas, ribeirinhos, pescadores, extrativistas... Cada público desse tem o seu perfil, seu modo de viver e sua forma de conduzir sua atividade econômica a forma de conduzir as relações familiares. Então, esse olhar mais humano e mais próximo da realidade de cada público”, relata Luciano.

Para concluir, o coordenador do AFPCT, Marcos Paulo Balbino, destacou que para ajudar a resolver esses gargalos de desenvolvimento da Agricultura Familiar e de Povos e Comunidades Tradicionais em Mato Grosso, o programa PEQUIS vai atuar sinergicamente em várias frentes de trabalho, de forma a gerar um movimento mais robusto de mudanças para agricultura familiar em MT.

 

A previsão é que o programa PEQUIS seja operacionalizado durante a fase 2 do REM MT, a partir de 2024.