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PRODUÇÃO SUSTENTÁVEL: Projeto apoiado pelo REM MT evita novos desmatamentos e recupera pastagens degradadas na Amazônia

A produção de gado na fazenda Vale do Arinos, no município de Juara, está tendo sua lógica alterada. Tudo começou depois que o casal de pecuaristas Valocir e Mirian DalPiaz, proprietários da fazenda, topou iniciar um trabalho de recuperação de pastagens degradadas, com apoio da Empaer-MT e do Programa REM Mato Grosso. Por lá, 56 hectares de áreas degradadas já foram recuperados com a plantação de milho, o que tem evitado novas aberturas para pasto, e, consequentemente, novos desmatamentos da floresta amazônica. 

Conforme explica Leonora Goes, engenheira florestal e ponto focal do Subprograma Produção, Inovação e Mercados Sustentável (PIMS), a fazenda Vale do Arinos é uma das oito Unidades de Referência Técnica (URT), que estão recebendo apoio técnico e investimento do REM MT e da Empaer MT. E em razão deste trabalho, atualmente, se tornou referência em produção sustentável para os demais produtores de gado da região de Juara. 

A MUDANÇA

Mas, nem sempre foi assim. Há dois anos, a Empaer MT e o REM MT se depararam com uma fazenda com muitas áreas degradadas, principalmente nas Áreas de Preservação Permanente (APP), que margeiam o rio da propriedade. O solo também estava muito fraco, sem nutrientes, desgastado pela pecuária extensiva. 

A realidade começou a mudar, quando o técnico-extensionista da Empaer-MT, o engenheiro agrônomo Igor Nogueira começou a atuar na propriedade. Ele elaborou um plano de ação para identificar e resolver os principais gargalos econômicos, ambientais e sociais da fazenda. 

Engenheiro agrônomo e técnico-extensionista da Empaer-MT, Igor Nogueira

RECUPERAÇÃO DO PASTO

A recuperação da pastagem teve início em meados de setembro, a partir de um diagnóstico detalhado da realidade do solo da fazenda, por meio de amostras para identificar os níveis de macro e micronutrientes, bem como os níveis de matéria orgânica e de pH – que serve para medir a acidez ou alcalinidade do solo. Com as devidas correções feitas, a semeadura do milho foi realizada em fevereiro deste ano e a colheita ocorreu neste mês. A recuperação também ocorre por meio do plantio de capim Capiaçu, que também serve para alimentar o gado durante o período da seca.

Na parte de recuperação da pastagem e fortalecimento do solo, o cultivo de milho tem sido a solução. “O milho tem muitos benefícios: serve de alimento reforçado e nutritivo para o gado, proporciona diversificação da fonte de renda para a família, os restos culturais da lavoura enriquecem o solo para reforma das pastagens e ainda auxilia no manejo de plantas daninhas das pastagens”, destaca Igor. 

“Ontem finalizamos a colheita do milho em nossa URT. Resultado: Custo de produção: 70 sc/ha [sacas por hectare], Receita líquida: 39 sc/ha. Produção de 109 sc/ha em área de pastagem degradada que agora retornará a ser pastagem em 2022/2023! Ano que vem iremos recuperar mais 40 hectares!!! #REM-MT #EMPAER-MT #Juara-MT”, comemorou Igor, em um grupo de Whatsapp que reúne técnicos extensionistas da Empaer, que estão trabalhando nas oito URTs apoiadas pelo REM MT. 

Colheita de milho na fazenda Vale do Arino. Foto: Emaper-MT

NOVA FONTE DE RENDA

Pablo Dalpiaz, um dos proprietários da fazenda, destaca que, até então, a família não tinha experiência com roçado, plantação de milho. E que essa integração da pecuária com a lavoura só aconteceu graças ao trabalho da Empaer, juntamente com o apoio do REM MT. 

“Não tínhamos experiência nenhuma de roça. Aí o Igor veio com essa proposta, o projeto do REM, para plantarmos o milho, e também o capim Capiaçu, com o objetivo de recuperar as pastagens degradadas. E, graças a Deus, tivemos uma colheita muito boa, que deu certo para alimentar os animais no período da seca, recuperar o pasto, e também gerar uma nova fonte de renda à família”, destacou Pablo. Além dele, a fazenda pertence aos casais Valocir e Mirian e José Sergio e Marlene Inez. Todos da família Dalpiaz

Casal Dalpiaz, proprietário da fazenda Vale do Arinos. Foto: REM MT0

MUDANÇA DE MENTALIDADE

Leonora Goes ressalta ainda que um dos grandes trunfos do projeto é a mudança de mentalidade que tem ocorrido com os produtores da região.  

“Para nós, do Subprograma PIMS, é muito gratificante visualizar, na prática, que a utilização dos recursos do REM MT nas Unidades de Referência Tecnológica (URTs) tem apresentado tantos resultados positivos. Perceber a melhora na produtividade através de técnicas de integração lavoura e pastagem, que antes não eram pensadas como alternativa à pecuária extensiva, nos traz muita satisfação. Isso demonstra o comprometimento dos técnicos da Empaer na mudança de mentalidade, na implementação e na difusão de tecnologias inovadoras no Noroeste do estado, região tão sensível no que se refere ao tema desmatamento”, avalia Leonora.

Leonora Goes (à direita), mestre em Ecologia e profissional sênior do Subprograma Produção, Inovação e Mercado Sustentáveis (PIMS) – Foto: Fernanda Fidelis/REM MT

Nesse sentido, Igor reforça que o REM MT tem dado esse suporte aos técnicos da Empaer-MT para realizar os trabalhos em campo. “Isso ocorre tanto na questão do aumento da produtividade, como na conscientização ambiental e tecnologias para a restauração das APPs, além da importância da água e também a questão social das propriedades”, elenca o técnico-extensionista.  

RECUPERAÇÃO DE APP

Outro aspecto importante do projeto tem sido a recuperação de dois hectares de Área de Preservação Permanente (APP), dentro dos limites da propriedade, que estavam totalmente degradados pela ação da pecuária extensiva. 

A recuperação ocorreu através de uma técnica de semeadura de sementes conhecida como muvuca. O processo consiste em espalhar sementes de espécies nativas da Amazônia de diferentes estágios sucessionais, juntamente com adubação verde. Essa ideia de semeadura busca imitar a natureza, onde inicialmente as espécies pioneiras e secundárias se desenvolvem, preparando o solo e proporcionando sombra para as espécies clímax de crescimento mais longo.

Para ensinar o processo de muvuca aos técnicos da Empaer-MT, o REM MT contratou a empresa de soluções ambientais Agroicone, que ministrou um curso aos extensionistas sobre o assunto.  

Área de APP antes do projeto apoiado pelo REM MT. Foto: Empaer-MT
Área de APP após as intervenções do projeto apoiado pelo REM MT. Foto: Empaer-MT

PARCERIA DE SUCESSO

Ao todo, o REM MT investe R$ 4, 2 milhões no projeto de parceria com a Empaer-MT, que busca otimizar, de modo sustentável, a capacidade produtiva da pecuária de corte da região Noroeste de Mato Grosso. 

Para isso, o projeto conta com a implantação de oito URTs em propriedades de pecuária, de pequeno e médio porte; e insumos para fortalecer os serviços de ATER [Assistência Técnica e Extensão Rural] realizados pelos técnicos da Empaer em 1.423 propriedades da região Noroeste. As URTs e demais propriedades estão localizadas nos municípios de  Aripuanã, Castanheira, Colniza, Cotriguaçu, Juína, Juara, Juruena e Nova Bandeirantes.

De modo complementar, o projeto também promove a capacitação dos técnicos em atualizações do conhecimento nas áreas de pecuária de corte, adequação ambiental e restauração ecológica.

 
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