Apoio do REM MT traz ânimo à produção agroecológica de dezenas de famílias de assentamento em Mirassol D’Oeste

Os agricultores e agricultoras familiares do Assentamento Roseli Nunes, na zona rural de Mirassol D’Oeste (296 km de Cuiabá), estavam desmotivados em produzir. Devido aos problemas administrativos da Associação Regional de Produtores Agroecológicos (Arpa), os grupos se desarticularam e houve um esvaziamento do movimento. De uma associação que chegou a contar com mais de 100 famílias em 2003, em 2018, esse número havia reduzido para pouco mais de 30.

 

A situação da Arpa ia de mal a pior, até que em 2020 surgiu uma luz no fim do túnel. A Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (FASE), que já vinha prestando assistência técnica em plantios agroecológicos ao assentamento, chegou com a notícias de que o Programa REM Mato Grosso havia aberto um edital com recursos para fortalecer a produção da agricultura familiar em todo estado. Essa foi a chance que seu Nério Gomes de Souza (65 anos), uma das principais lideranças do assentamento, viu de reavivar a associação. “Então, a gente decidiu reunir o pessoal para participar do processo”, conta.

 


Agricultor Familiar, Nério de Sousa. Foto: Marcio Camilo/REM MT

 

O DESAFIO

Mas, para isso, era preciso escrever um projeto para ser contemplado com os recursos. E diante do desafio, a Arpa uniu a experiência dos mais velhos, com o espírito de entusiasmo dos mais novos. 

“Eu me lembro que a gente formou um coletivo e depois se dividiu em vários grupos para escrever o projeto: homens, mulheres, os mais jovens... A ideia de dividir foi para que cada grupo escrevesse sem sofrer a influência do outro, e assim trazer propostas diferenciadas para o projeto”, recorda o agricultor familiar Sanzio Batista Sardinha (34 anos), que à época participou do movimento.


Agricultor Familiar e coordenador do projeto Agroecologia de Grupo a Grupo,Sanzio Sardinha (ao centro). Foto: Marcio Camilo/REM MT

 

E o trabalho coletivo deu certo! Para surpresa de muitos da comunidade, a Arpa foi contemplada pelo edital de Chamada 03/20 de projetos do Subprograma Agricultura Familiar e de Povos e Comunidades Tradicionais (AFPCTs) do REM MT. A conquista era o gás que faltava para que as famílias do assentamento fortalecessem a produção de frutas, verduras e legumes, tudo à base de sistema agroecológico, quando o plantio ocorre em harmonia com a natureza e sem o uso de venenos.

 

A REESTRUTURAÇÃO

“O apoio do REM MT possibilitou a reestruturação dos grupos. Conseguimos juntar essas essas famílias, para que elas fizessem parte da associação novamente. Atualmente, a Arpa conta com 60 famílias que estão inseridas no projeto “Agroecologia de Grupo a Grupo. E a nossa meta é chegar a 75 famílias. Estamos quase lá”, recorda Sanzio.

 

APOIO NA PRODUÇÃO

Quem voltou a produzir com vigor foi o agricultor Laurindo Pereira de Souza. Ele possui uma plantação de batata doce em um dos lotes do assentamento Roseli Nunes. Recentemente, ele foi contemplado com um sistema de irrigação, por estar inserido no projeto.

“Tá vendo essa beleza de plantação? Como elas (pés de batatas) estão bonitas. Isso só é possível, porque está havendo uma boa irrigação. Então, apoios como esse, do REM, são muito importantes. Deixa a gente motivado para produzir, porque contamos com os insumos”, afirma Pereira, que vende parte de sua produção às escolas municipais da região, por meio de programas governamentais.


Plantação de batata doce do agricultor Laurindo de Souza. Foto: Marcio Camilo/REM MT

 

O PROJETO 

O Agroecologia de Grupo a Grupo começou a ser executado efetivamente, a partir de março deste ano. Apesar de ainda estar no início, além de ajudar no processo de reestruturação da Arpa, o projeto já adquiriu insumos importantes para que as famílias possam voltar a produzir.

“Já conseguimos a aquisição de bens, por exemplo: um carro para o transporte e assistência técnica e acompanhamento dos grupos. Já compramos roçadeiras, o que facilita o nosso trabalho nos quintais. Já compramos telas e sementes. Porque, às vezes, a gente chega num quintal produtivo e a família está precisando de uma tela e não é possível melhorar a produção sem um desses insumos”, explica Sanzio.

Mas, ele ressalta que o projeto está longe de parar nos insumos. Na verdade, a proposta foi concebida com o objetivo de fortalecer o plantio, a produção e a comercialização das famílias associadas à Arpa. Para isso, a partir do próximo semestre, está previsto um desembolso do REM MT para comprar uma série de equipamentos, com objetivo de montar uma agroindústria, para beneficiar a produção agroecológica da comunidade.

“Vamos ter um espaço para a câmara fria, com processamento de frutas que se transformarão em polpas. A estrutura da agroindústria também contará com máquina seladora, freezers, além de uma cozinha industrial toda equipada, com batedeiras e fogões, que serão importantes na produção de pães e doces, que será organizada por um grupo de mulheres da associação”, detalha Sanzio.

 


Mulheres da Arpa irão participar da agroindústria na parte de produção de pães e doces. Foto: Marcio Camilo/REM MT 

 

O SONHO

Seu Nério, que, na década de 1990, teve papel fundamental para assentar as famílias na região, também vê o projeto Agroecologia de Grupo a Grupo com muita empolgação. Para ele, as coisas seriam muito mais difíceis sem o apoio do REM MT. 

“Eu acredito que o REM veio ajudar a realizar o nosso sonho, que é ter os associados da Arpa na organização da produção e comercialização dos produtos agroecológicos”, sintetiza o agricultor.

 


Quintal produtivo em sistema agroecológico no sítio de seu Nério, no Assentamento Roseli Nunes (Mirassol D’Oeste-MT). Foto: Marcio Camilo/REM MT

 

REM MT

O Programa REM MT é uma premiação ao Estado do Mato Grosso pelos resultados na redução do desmatamento, em mais de 90%, entre os anos de 2004 a 2014. A cooperação internacional dos governos do Reino Unido e da Alemanha doam recursos para o Programa aplicar em ações de conservação da floresta a fim de reduzir emissões de CO2 no planeta. Para isso, beneficia diretamente iniciativas que contribuem para reduzir o desmatamento, estimular a agricultura de baixo carbono e apoiar povos indígenas e comunidades tradicionais.

 

É coordenado pelo Governo do Estado de Mato Grosso, por meio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMA), e gerenciado financeiramente pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO).

 

Por Marcio Camilo -REM MT/ Sema-MT
De Mirassol D’Oeste