A construção de uma agroindústria, bem como um estudo de mercado, prometem movimentar a produção alimentar, o comércio e a geração de renda das famílias que participam da Associação Regional de Agricultores Agroecológicos (Arpa), do Assentamento Roseli Nunes, no município de Mirassol D’ Oeste (296 km de Cuiabá). Essas ações fazem parte do projeto “Agroecologia de Grupo a Grupo”, desenvolvido pela Arpa e financiado pelo Programa REM Mato Grosso, por meio do Subprograma Agricultura Familiar e de Povos e Comunidades Tradicionais (AFPCTs). 

De acordo com o coordenador do projeto, professor Sanzio Sardinha, as máquinas para a construção da agroindústria devem chegar à comunidade no próximo semestre (a partir de janeiro de 23). O objetivo é beneficiar para agregar valor à produção das famílias assentadas. 

"Com incentivo do Programa REM, a gente quer acrescentar à nossa produção, pães, doces e polpas de frutas. Nisso, para o próximo desembolso do projeto, estão previstos os recursos para a construção da agroindústria, que seria a câmara fria, para o processamento das frutas. Essa estrutura será instalada na sede da associação [Arpa], e, além da câmara fria, contará com uma cozinha industrial toda equipada. Entre os equipamentos estão: à máquina seladora, freezers de armazenamentos, batedeiras e fogões industriais, focados na produção dos doces e pães, que ficará sob o comando das mulheres da comunidade", detalha Sanzio. 

Estudo de Mercado

Ele também ressalta que dentro do Agroecologia de Grupo a Grupo, há recursos disponíveis para investimento em pesquisa de mercado, que preveem princípios de viabilidade econômica, comercialização e sustentabilidade. Na pesquisa, constam possíveis municípios e rotas para a venda dos produtos. 

“Queremos pegar todo esse trajeto, de Salto do Céu até Caramujo; de Araputanga, Caramujo até Cuiabá, para sabermos os mercados disponíveis para fazer a entrega dos nossos produtos. Isso inclui restaurantes, contratos governamentais e vendas diretas, como os espaços de feiras”, diz Sanzio ao elencar os possíveis municípios que irão receber os produtos da comunidade, entre eles, hortaliças, frutas, verduras, legumes, pães, doces e derivados. 

União das famílias

O apoio REM MT também está ajudando a reunir as famílias em torno da produção agroecológica. “Tinhas várias famílias afastadas e já no primeiro semestre do projeto, a gente conseguiu trazer elas novamente para a associação”, comenta Sanzio ao acrescentar que o número de famílias cadastradas na Arpa dobrou nos últimos meses: “Antes do projeto, havia 20 famílias cadastradas. Agora, já são 65. A nossa meta é chegar a 75 famílias, e nós vamos conseguir”, assevera o professor. 

Além disso, os recursos do Programa já viabilizaram um carro para a assistência técnica e acompanhamento das agricultoras e agricultores; a compra de roçadeiras, para facilitar o trabalho nos quintais produtivos; e outros insumos, como  telas e sementes, “que melhoram muito a produção das famílias”, como afirma Sanzio. 

23 variedades

Seu Nério Gomes de Souza (65 anos), uma das principais lideranças da comunidade, explica que foram sete anos de luta para as famílias conseguirem a terra, que hoje está regularizada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). O assentamento prosperou e hoje conta com mais de 300 famílias, que produzem mais de 23 variedades de produtos. “A produção aqui é por ciclo. Tem hortaliças, e depois vem o milho, o arroz, o feijão, a mandioca, a batata…”, elenca o experiente agricultor. 

Para ele, o apoio do REM MT tende a potencializar a produção das famílias, no sentido de que as mesmas sejam protagonistas desse trabalho, principalmente nos aspectos econômicos. “Eu acredito que o REM veio ajudar a realizar o nosso sonho, que é ter os associados da Arpa na organização da produção e comercialização dos produtos agroecológicos”, afirma o agricultor.

REM MT

O Programa REM MT é uma premiação ao Estado do Mato Grosso pelos resultados na redução do desmatamento, em mais de 90%, entre os anos de 2004 a 2014. A cooperação internacional dos governos do Reino Unido e da Alemanha doam recursos para o Programa aplicar em ações de conservação da floresta a fim de reduzir emissões de CO2 no planeta. Para isso, beneficia diretamente iniciativas que contribuem para reduzir o desmatamento, estimular a agricultura de baixo carbono e apoiar povos indígenas e comunidades tradicionais. 

É coordenado pelo Governo do Estado de Mato Grosso, por meio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMA), e gerenciado financeiramente pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO).

Por Marcio Camilo
edição: Mariana Vianna